Após ter visto O Sabor das Cerejas de 1997, fiquei com vontade de conhecer um pouco mais do trabalho do realizador iraniano Abbas Kiarostami, desta vez vi Close-Up (Nema-Ye Nazdik em original), um filme que é uma espécie de documental e devo confessar que o realizador continua a impressionar-me pela qualidade de cinema que produz.
Abbas Kiarostamis prefere trabalhar com amadores e fora dos estúdios. O som directo, a falta de música e os silêncios prolongados compõem o espaço sonoro do cinema deste realizador. Detrás do silêncio, existe uma atitude reflexiva do realizador. O cinema de Kiarostami centra-se na economia das palavras e oferece-se uma alternativa viável ao excessivo cinema dito de mainstream. Os seus filmes também encorajam a audiência a reflectir e a participar criativamente nos mesmos. Desafiam os estereótipos dos espectadores e consciencializam-nos para as suas próprias falhas. Abbas Kiarostami não se interessa em dar uma imagem fantasiada do Irão mas sim na realidade vivida naquele País. Cada filme seu reflecte o conhecido conceito de “aldeia global”.
Falando do filme Close Up de 1990, é um documentario com actores reais de uma historia também real, em que um homem se faz passar por um realizador Iraniano famoso. Este homem engana uma familia inteira até que estes descobrem a verdade e o levam ao tribunal. Curiosamente o homem não queria roubar dinheiro só se queria passar pelo realizador e ter o respeito e admiração dos outros. O filme tem imagens reais como foi no tribunal ou quando o personagem principal estava na prisão, as restantes imgens são ficcionadas embora sempre com as personagens reais.
A imagem que o realizador passa do país não é tão negativa como podemos imaginar, no tribunal dá uma ideia que um país bastante civilizado, por outro lado Kiarostami mostra também a grande taxa de desemprego e as suas consequências na sociedade. O filme é bastante bom e vale a pena ver e conhecer as personagens desta historia tão insólita. Dou-lhe um 7/10.
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