Desde que cheguei ao País Basco, as pessoas falavam deste documentário sobre o conflito basco, decidi esperar um pouco antes de o ver. Decidi que seria melhor conhecer a realidade deste país e ter a minha própria opinião. Agora que já estou a viver há cerca de dois anos aqui e de ter começado a aprender o euskera, decidi ver o famoso documentário.
La pelota Vasca foi lançado em 2003, realizada por Julio Médem, na altura foi bastante polémico, inclusive com manifestações junto a cinemas. Na minha opinião o documentario é bastante bom, creio que seria difícil fazer melhor, e sobretudo é bastante imparcial, tenta abranger o maior numero de pessoas possíveis e deixar que elas dêem a sua opinião, deste políticos, filósofos, jornalistas, músicos, historiadores, vitimas do terrorismo etc. O que chega a ser cansativo acompanhar, tal é a quantidade de pessoas envolvidas no documentário. Existem também imagens de arquivo e outras sobre a cultura basca. Dou-lhe um 9/10.
O documentário aborda temas como o problema politico do país basco, a língua basca, a província de Navarra, a origem e evolução da ETA, o surgimento do GAL, os presos políticos, as vitimas do terrorismo, as torturas, o dialogo com ETA, a legalização de partidos políticos, a independência do pais basco, etc.
Quando há dois anos cheguei aqui, houve muitas coisas que me surpreenderam, como era diferente a noção de pátria em Portugal e Espanha. Chamar português a um algarvio, lisboeta ou portuense não é uma ofenda, chamar espanhol a um basco, catalão ou galego, ele pode ficar ofendido. O facto de ser difícil encontrar uma bandeira de Espanha no país basco. Um dos maiores partidos da oposição, o PP, não condenar a ditadura de Franco. A ilegalização de partidos políticos. O facto de que um basco que se considere basco e espanhol seja visto como traidor ou basco de segunda. O ódio de certas pessoas a tudo o que é espanhol, chegando ao ponto de não sair do pais basco. O facto que as partes envolvidas no conflito, a ETA e o governo Espanhol, tomarem posições extremas de violência e recusar qualquer dialogo. O facto de certos partidos políticos utilizarem o conflito para ganhar mais votos e distrair as atenções de outro temas. O facto dos etarras presos estarem em prisões espalhadas por toda a Espanha, fazendo com que a sua família tenha de fazer milhares de kms sempre que os quer ver. O facto de se falar mais das vitimas do terrorismo da ETA do que as vitimas do terrorismo de Franco.
Para finalizar penso que a única solução para este conflito é o dialogo entre todos e deixar que o povo basco decida sobre o seu futuro, tal como vez o Quebec. Enquanto a ETA não deixar as armas o país basco nunca poderá ter a independencia, nem uma imagem positiva perante a comunidade internacional. O governo espanhol terá de cortar com o passado franquista e democratizar-se, deixando de ilegalizar partidos políticos como o batasuna, dando mais autonomias as comunidades e sobretudo deixar que cada povo decida o seu futuro.
Creio que este tema é importante para todos os ibéricos sejam eles portugueses, galegos, bascos, andaluzes etc, todos vivemos com o conflito debaixo dos nossos narizes.
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